A Rede Nacional de Proteção de Jornalistas e Comunicadores repudia com veemência a ação da Polícia Militar do Estado de São Paulo, que impediu o acesso da imprensa à Favela do Moinho nesta quarta-feira (14/5). Profissionais dos veículos Ponte Jornalismo e Brasil de Fato foram barrados por agentes da Tropa de Choque sob uma suposta “ordem policial” não esclarecida pela Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP-SP).
Este cerceamento ocorre em meio a denúncias graves de remoções forçadas, descumprimento de acordos com moradores e repressão violenta à comunidade. Desde o início da semana, o governo estadual, por meio da CDHU e com apoio da PM, tem demolido casas na comunidade de forma desumana e arbitrária, segundo a pesquisadora Amanda Amparo (USP), especialista na relação entre corpo e cidade. Famílias têm sido expostas ao risco de ficarem em situação de rua, enquanto entulhos e estruturas instáveis colocam em risco a saúde pública da região — contradizendo o próprio argumento do governo para as remoções.
A repressão escalou na terça-feira (13), quando moradores que protestavam contra a ação dos tratores foram atacados com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Veículos como ambulâncias e peruas escolares não conseguem entrar na comunidade, afetando diretamente o direito à saúde, à educação e à dignidade dos moradores.
Neste cenário, impedir o trabalho da imprensa é uma tentativa deliberada de ocultar essas violações da opinião pública. Trata-se de uma afronta ao direito constitucional à liberdade de imprensa e ao dever democrático de garantir o acesso à informação, especialmente quando há indícios claros de violações de direitos humanos.
A Rede Nacional de Proteção de Jornalistas e Comunicadores exige que o governo estadual e a SSP-SP se expliquem imediatamente, garantindo o livre exercício da atividade jornalística na Favela do Moinho e em qualquer território onde haja interesse público. Reafirmamos nossa solidariedade às e aos comunicadores impedidos de trabalhar e às famílias violentadas por ações do Estado.
Seguiremos vigilantes e atuantes na defesa da imprensa livre e dos direitos das populações marginalizadas.