Após ter seu pedido de investigação vazado para os coordenadores e gerentes, o processo se voltou contra a própria jornalista que representa os trabalhadores da empresa
Por: Isabela Alves
Os administradores da EBC (Empresa Brasil de Comunicação) querem demitir a jornalista Kariane Costa por ter denunciado um assédio e censura à Ouvidora da Empresa. A profissional é funcionária da empresa há 10 anos e foi eleita conselheira no Conselho de Administração da empresa.
O pedido de demissão por justa causa foi encaminhado em 8 de setembro, um dia após a empresa pública ter sido alvo de críticas por ser usada como aparelho de campanha do candidato à reeleição Jair Bolsonaro.
Em junho de 2021, a conselheira registrou um pedido para a apuração de denúncias de casos de assédio moral na diretoria da Ouvidoria da EBC. O pedido sigiloso foi vazado para os coordenadores e gerentes da empresa que passaram a denunciar que o assédio viria da conselheira.
A denúncia feita pela jornalista não foi investigada e também não foi apurado como o registro chegou até os denunciados. A jornalista só foi informada que o pedido de apuração se tornou um processo contra ela própria em julho deste ano.
Durante a investigação sobre o assédio dos gestores, Kariane apresentou o nome de 35 testemunhas e apenas uma pessoa foi ouvida. Ainda, das 16 pessoas ouvidas ao longo do processo, nove foram os chefes que deveriam ser investigados pelas denúncias de assédio.
Em nota, o Sindicato de Jornalistas de São Paulo (SJSP) afirmou que “o pedido de demissão por justa causa de uma representante dos trabalhadores é visto como uma retaliação a todo trabalhador que ousar questionar o aparelhamento ao qual foi submetido a EBC”.
Fonte: SJSP