Imagem: Instituto Vladimir Herzog

Entidades de direitos humanos cobram proteção a quem atua na região amazônica

Em 5 de junho de 2023, completou-se um ano dos assassinatos do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira no Vale do Javari, segunda maior terra indigena do Brasil. Um encontro na sede do Instituto Vladimir Herzog, em São Paulo, reuniu entidades jornalísticas e defensores dos direitos humanos para cobrar das autoridades brasileiras que atuem por maior proteção aos defensores das terras indígenas. 

O sociólogo Dyego Pegorario, articulador nacional de projetos de jornalismo e liberdade de expressão do Instituto Vladimir Herzog, como a Rede de Proteção a Jornalistas e Comunicadores, abriu o encontro lembrando nomes de pessoas que foram assassinadas na região Amazônica por suas atuações pela proteção do meio ambiente. 

“Devemos lembrar de Chico Mendes, Zé Cláudio e Maria, irmã Dorothy, Maxciel Pereira. Infelizmente, a lista é grande demais para mencionar cada protetor morto na defesa do meio ambiente”, salientou.

A Rede de Proteção, encabeçada pelo Instituto Vladimir Herzog e pela Artigo 19, em articulação desde 2018 e com representantes em todos os estados brasileiros, têm dedicado especial atenção ao estado de Rondônia, onde dados indicam crescimento de violência contra jornalistas e comunicadores.

Entidades presentes trouxeram dados e produções relevantes para a construção do debate em torno do caso.

A ONG Repórteres Sem Fronteiras, por exemplo, divulgou um dado preliminar sobre casos de violações dos direitos de jornalistas que atuam na Amazônia. A apuração demonstra que foram 62 ataques: 40 contra homens; 18 contra mulheres; e 4 contra equipes, que sofreram com algum tipo de ameaça ou agressão entre julho de 2022 e maio de 2023.

O programa Tim Lopes, da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), apresentou o mini documentário “O Legado de Bruno e Dom”, produzido por 16 mídias de diversas partes do mundo.

Já a Artigo 19 aproveitou o evento para cobrar o governo brasileiro em relação ao compromisso acordado no ano passado com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos na garantia da proteção de pessoas ameaçadas no Vale do Javari.

O assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips marcou, lamentavelmente, um período tenebroso da história do Brasil no que diz respeito à defesa da atuação de jornalistas e comunicadores.

Por isso, é absolutamente imprescindível que o Estado brasileiro não só se responsabilize por levar até o fim as investigações desse crime bárbaro, mas também por criar e implementar políticas públicas que garantam a segurança de jornalistas, comunicadores e todos aqueles que habitam e atuam na região amazônica. Somente assim será possível caminhar rumo à construção de uma sociedade verdadeiramente justa e democrática.

Imagem: Instituto Vladimir Herzog

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