A Rede Nacional de Proteção de Jornalistas e Comunicadores vem a público manifestar enorme preocupação com as ameaças sofridas por Andrew Fishman, presidente e co-fundador do Intercept Brasil. O jornalista recebeu um e-mail com ameaças de morte após se manifestar em relação à fala do presidente Lula sobre o conflito em Gaza.
Andrew Fishman é judeu e um dos fundadores do Intercept Brasil, veículo de jornalismo investigativo criado em 2016. Lá foi editor geral até o final de 2020. Além disso, trabalhou no Intercept norte-americano como repórter de 2013 a 2022. Desde o início do conflito em Gaza, Fishman tem se posicionado de forma crítica ao massacre perpetrado pelo governo de Benjamin Netanyahu.
Segundo estimativas, quase 30 mil pessoas já morreram em decorrência dos ataques a Gaza. Entre essas pessoas, estão 78 jornalistas, de acordo com o Comitê para a Proteção de Jornalistas (CPJ), organização internacional que monitora e atua em defesa da liberdade de imprensa. O número corresponde a 75% do total de jornalistas mortos em todo o mundo durante o período.
O ataque sofrido por Andrew Fishman é mais uma inaceitável demonstração do clima de hostilidade que ainda se faz presente em todo o país em relação à atuação de jornalistas e comunicadores. Além de ser um crime, que deve ser celeremente investigado e punido pelas autoridades responsáveis; a ameaça é uma tentativa de intimidar o trabalho jornalístico e censurar uma opinião absolutamente legítima.
Por tudo isso, exigimos que as autoridades responsáveis investiguem a ameaça recebida por Andrew Fishman e coloquem em prática todos os esforços necessários para identificar e responsabilizar o autor do ataque.
Por fim, manifestamos solidariedade ao jornalista e à equipe do Intercept Brasil, que há tempos produz um jornalismo de qualidade e fundamental para o acesso a opiniões e informações de interesse público para toda a sociedade brasileira.
