A atitude de Bolsonaro viola a garantia dos jornalistas à liberdade de expressão e acesso à informação
Por: Isabela Alves
De acordo com um relatório produzido pela Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), o presidente Jair Bolsonaro (PL) já bloqueou na sua conta do Twitter 91 profissionais de imprensa e 10 empresas jornalísticas.
Desde julho de 2021, a Abraji está monitorando os bloqueios e fez uma liminar ao STF (Supremo Tribunal Federal) para que o presidente cancele os bloqueios e que novos bloqueios não sejam realizados. Até o momento, a instituição está aguardando a decisão do STF.
A atitude de Bolsonaro viola a garantia dos jornalistas à liberdade de expressão e acesso à informação, já que o bloqueio impede que o profissional faça as suas apurações e interaja com o político.
Em setembro de 2021, a Abraji realizou um relatório que aponta que mais de 98% dos tweets de Bolsonaro são de interesse público. Isso significa que a conta do atual presidente, além de divulgar informações do seu mandato, também mobiliza a sua base política.
Já houveram outros casos em que a Justiça determinou que autoridades públicas desbloqueassem os jornalistas. Um dos casos mais emblemáticos ocorreu com o Instituto Knight, entidade que atua em defesa da liberdade de expressão associada à Universidade de Columbia, em Nova York, contra o então Donald Trump.
A entidade, junto às cortes de apelação do distrito de Nova York, conseguiu que Trump retirasse o veto a seu perfil no Twitter de cerca de 100 contas. Diante da repercussão do caso, outras pessoas bloqueadas por Trump procuraram a entidade e os nomes foram sendo juntados à petição.
No Brasil, Bolsonaro não é a única autoridade pública a bloquear jornalistas. No total, são 44 políticos que bloquearam 175 jornalistas no Twitter. No entanto, até o momento o país não possui uma legislação que defina se autoridades podem ou não bloquear jornalistas.
Fonte: Abraji
Foto: Marcos Correa / President Brazil / Planet Pix via ZUMA Wire Brasilia DF