Rede de Proteção de Jornalistas e Comunicadores
Foto: Rafael Veras
Imagem: Creative Commons

Empresário ligado ao Hopi Hari persegue jornalista

Rede de Proteção repudia perseguição a jornalista Hudson Corrêa

A Rede Nacional de Proteção de Jornalistas e Comunicadores vem a público para repudiar a perseguição jurídica que o jornalista Hudson Corrêa está sofrendo por parte do empresário Nuno Vasconcellos.

Corrêa foi contratado pela revista portuguesa Sábado, um dos maiores veículos da imprensa de Portugal, para escrever um perfil de Vasconcellos. Nuno Vasconcellos vive atualmente em São Paulo, mas, antes disso, deixou em Portugal dívidas equivalentes a R$ 7 bilhões com funcionários, empresas e bancos. Quando a revista encomendou o perfil, o empresário era alvo de uma investigação do parlamento português que investigava as dívidas.

Desde 2016, após a falência em Lisboa, o empresário é figura notória na sociedade, imprensa e órgãos de investigação portugueses. Além disso, ele está à frente das operações financeiras do jornal O Dia, do portal IG e do parque diversões Hopi Hari, empresa em recuperação judicial que deve R$ 229,5 milhões ao Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES).

Durante a produção do perfil jornalístico, Hudson Corrêa entrevistou Nuno Vasconcellos em dois dias, durante mais de cinco horas. Todo o trabalho foi acompanhado pela esposa, por um advogado e um assessor do empresário. Baseada em documentos, a matéria revelou que Vasconcellos é investigado pela Polícia Civil e pela Justiça do Trabalho brasileiras por suspeita de desvio no caixa do Hopi Hari. Ele e a mulher tiveram os sigilos bancário e fiscal quebrados pela Justiça. Meses depois, o jornal O Globo e a revista Veja também publicaram matérias sobre as investigações

Após a publicação e a repercussão da reportagem, Vasconcellos deu início a uma ampla e complexa perseguição a Corrêa. Entre outras coisas, moveu uma queixa-crime por injúria e difamação; pediu uma indenização milionária; e, ainda, publicou uma matéria em um de seus veículos – o jornal O Dia – com conteúdo mentiroso para difamar e constranger o jornalista.

Não há dúvidas de que o caso configura mais uma lamentável e inaceitável tentativa de criar dificuldades para a atividade jornalística. Por conta de suas atividades no Brasil e em Portugal, as investigações a que Nuno Vasconcellos está submetido são de inegável interesse público, seja para a sociedade brasileira ou para a sociedade portuguesa.

É absolutamente imprescindível, portanto, que a Justiça brasileira – especificamente a Justiça de São Paulo, que condenou o repórter em 1ª instância a uma indenização de R$ 8 mil, mais 15% de honorários de advogados – corrija o flagrante erro cometido contra Hudson Corrêa e que, consequentemente, atinge todos os jornalistas e comunicadores que atuam no país.

Somente assim seremos capazes de enfrentar os complexos desafios que se apresentam para garantir a democracia no nosso país e que, obrigatoriamente, passam pela necessidade de se entender o jornalismo como uma atividade absolutamente fundamental para toda a sociedade.

Imagem: Creative Commons

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