REDE DE PROTEÇÃO PRESTA SOLIDARIEDADE A IGOR MELLO, COMUNICADOR BALEADO NO RIO DE JANEIRO

A Rede Nacional de Proteção de Jornalistas e Comunicadores vem a público para prestar solidariedade e cobrar celeridade no processo de investigação e responsabilização dos autores do crime cometido contra Igor Mello, comunicador e estudante de 31 anos.

Na madrugada do dia 24/02, Igor foi baleado por um policial da reserva, no Rio de Janeiro, enquanto estava na garupa de uma moto com destino à sua casa. Igor saía do seu trabalho em uma casa de show e ao subir na moto de um aplicativo de transporte, foi baleado nas costas após ser acusado pela esposa do oficial de roubo de celular. Ambos, o motorista e o passageiro, foram perseguidos com o veículo em movimento.

Dados do Censo 2022 revelam que 55,5% da população se identifica como preta ou parda. Igor faz parte dessa parcela, que é maioria da classe trabalhadora brasileira, um homem negro que tem todos os dias um alvo no corpo. O que vivemos no Rio de Janeiro e no Brasil é expressão do racismo e da institucionalização do genocídio e da violência contra a população negra. Ainda como agravante, o caso retrata cenas de justiçamento, contrariando todas as premissas do Estado Democrático de Direito, especialmente a presunção de inocência. O motorista foi preso e levado à delegacia e Igor mantido sob custódia de forma ilegal.

Diante destes fatos, a Rede Nacional de Proteção de Jornalistas e Comunicadores expressa seu repúdio e alerta as instituições de Estado sobre o urgente combate ao racismo e ao genocídio da população negra. Destacamos, ainda, que a determinação de prisão dos dois vai contra a  Súmula 70 do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), que impede condenações baseadas exclusivamente em depoimentos policiais. Ademais, já há compreensão do Superior Tribunal de Justiça que é inaceitável e questionável a prisão de pessoas com fundamento no reconhecimento fotográfico.

À vista de toda essa situação, comunicamos que, em parceria com familiares e amigos de Igor, estamos atuando no caso e, assim, reafirmando nosso compromisso em contribuir com a construção de uma sociedade mais justa e sem impunidade. Por isso, cobramos celeridade no processo de investigação dos autores desse crime bárbaro, que chocou e sensibilizou o país.

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