Entre janeiro e julho deste ano, foram registradas 66 agressões graves contra os comunicadores brasileiros. Os maiores autores das violações continuam sendo os agentes estatais
Por Isabela Alves
O ano de 2022 vem se consolidando como um dos anos mais violentos para os jornalistas no Brasil.
Segundo um monitoramento realizado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), nos primeiros sete meses do ano, foram registradas 66 agressões graves contra os profissionais da imprensa.
Entre as agressões registradas, estão a violência física, destruição de equipamentos, ameaças e assassinatos. Houve um crescimento de 69,2% no número de agressões em comparação ao mesmo período de 2021, que havia registrado 39 casos.
De janeiro a julho, foram identificados 291 alertas de violações da liberdade de imprensa. Este dado inclui os casos de discursos estigmatizantes, processos legais, restrições na internet, restrições no acesso à informação e uso abusivo do poder estatal.
Os casos que marcaram o país
Em 7 de fevereiro de 2022, o comunicador Givanildo Oliveira da Silva, de 46 anos, foi assassinado após noticiar a prisão de um suspeito de duplo homicídio no Bairro Pirambu, em Fortaleza (CE). O jornalista era o dono e criador da página “Pirambu News”, onde divulgava notícias, denúncias e outros casos que repercutiram na região.
Em 16 de maio, o jornalista Alexandre Megale, do canal Sul das Gerais, foi agredido por pedradas pelo vereador Paulo Luiz de Cantuária (MDB), no bairro Pinhalzinho dos Góes, em Ouro Fino (MG). Segundo a vítima, a agressão foi motivada por uma denúncia envolvendo o político.
Por fim, em 5 junho, o jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira foram assassinados durante uma viagem no Vale do Javari, no Amazonas, fronteira com o Peru. Os corpos foram encontrados dias mais tarde.
Os principais agressores
Segundo levantamento da Abraji, até maio, os maiores autores das violações contra jornalistas continuam sendo os agentes estatais. Foram 209 ataques, que compõe 71,8% dos casos de violência contra a imprensa e seus profissionais.
A família Bolsonaro está envolvida em 157 dos casos (53,9%). Deste total, 60 tiveram a participação do presidente Jair Bolsonaro; 51 envolveram o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP); 32 foram do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ); e 20 são do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
Em relação a violência de gênero, 17,6% dos ataques foram feitos por agentes estatais. Nesta categoria, os agressores não identificados foram os maiores agressores, provocando 52,9% dos ataques. Em sua maioria, são internautas que ofendem e ameaçam jornalistas nas redes sociais.
Fonte: Abraji
Imagem: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil